O primeiro jornal publicado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil logo após a sua fundação, foi a “Voz do Trabalhador”, publicado em 22 de outubro de 1920 e o seu último número saiu em 14 de outubro de 1922. Entre 1922 a 1989, não há registros se havia algum tipo de jornal do sindicato.
Em 1990, quando ocorre “A Revolta dos Peões”, a comunicação diária nas obras com a da diretoria do sindicato e a publicação semanal de um jornal específico para a categoria, foram estratégias decisivas para ajudar a denunciar e combater a exploração patronal. Fazia parte do trabalho da nova direção, buscar a integração com os trabalhadores nos canteiros de obras, criando uma nova consciência para essa categoria que suportou durante 30 anos a inércia de uma diretoria do sindicato, submissa aos patrões e com fortes referenciais de identificação com a ditadura militar.
Em 1990, os primeiros jornais do sindicato eram feitos por colaboradores de outras entidades sindicais, que apresentava um trabalho com uma diagramação bem simples, em preto e branco, com algumas charges, noticias das obras, das negociações salariais e dos eventos promovidos pela diretoria do sindicato, trazendo o título de “Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil”.
Em 1991 a diretoria do sindicato, cujo presidente era Washington de Souza, contratou o jornalista Pedro Augusto Pereira, um profissional experiente, bastante conectado com o mundo político-sindical, que já acompanhava os movimentos dos trabalhadores da construção civil, divulgando-os através do jornal que trabalhava. Inicia-se assim um novo tempo para o sindicato, com a diretoria aberta aos novos projetos, iniciando com a publicação de um jornal sindical, no qual seriam divulgados não só os problemas dos canteiros de obras, como também, sobre as questões políticas, econômicas, sociais e sindicais. O jornal passou a ter o o título de “Boletim do Sindicato“, publicado com uma nova forma de editoração, mudança na diagramação, agregou cores, as fotos passaram a ser parte das noticias, podendo inclusive, ser confeccionado em até quatro páginas.
Assim, o jornal foi concebido com a sua edição, sendo iniciada a partir das visitas diárias dos diretores do sindicato aos canteiros das obras. A dinâmica se processava da seguinte forma: os diretores que visitavam as obras de sua responsabilidade, detectavam os problemas conversando com os trabalhadores e repassavam na forma de relatos orais para o(a) jornalista ou escreviam pequenos textos para o diretor de imprensa, que encaminhava também para o (a) jornalista do sindicato, que buscava fazer as correções preservando a linguagem sindical e de identidade da categoria, transformava em textos para o próximo jornal.
Assim, a diretoria tinha consciência de sua participação direta na elaboração do jornal e quando retornavam as obras, os trabalhadores podiam ver que suas reclamações foram passadas para o sindicato e a categoria de uma forma geral, tomavam conhecimento dos acontecimentos semanalmente. Os jornais eram entregue semanalmente aos trabalhadores nas obras e atualmente isso feito quinzenalmente. Dessa forma, “a entrega dos jornais do sindicato” permanece até os dias atuais como um encontro muito especial para a diretoria e para os trabalhadores.
Em 2002 o jornal apresenta um novo título “Jornal do SINTRACOM-BA“, mais condizente com a proposta de uma imprensa sindical já consolidada e também com sindicato já tendo comprado uma pequena impressora de Off-set para impressão dos próprios jornais. Em janeiro de 2006 morre o jornalista Pedro Augusto Pereira e foi então contratada a jornalista Mary Bahia, que é responsável pela editoração dos jornais do sindicato até os dias atuais. A imprensa sindical na atualidade tem várias publicações, algumas quinzenais e outras mensais: O Jornal do SINTRACOM-BA que é distribuído quinzenalmente para os trabalhadores da Construção e Manutenção, O Jornal do SINTRACOM-BA – Edição “Elétricas”, O Jornal do SINTRACOM-BA – Edição “Cerâmicas”, Jornal do Sintracom “Ascon” e o Jornal “Operárias em Construção”.
Assim, ao longo desses 26 anos as notícias são repassadas e se propagam através dessa “Rádio Peão” para a categoria, como uma espécie de código de ligação entre o sindicato e a diretoria, entre a diretoria e os trabalhadores e com o sindicato. O sindicato é o elo de ligação dessa cadeia da relação de sua representação na sociedade. É dessa forma que todos envolvidos nessa rede, se conectam com os problemas comuns que diariamente acontece no mundo do trabalho da categoria dos trabalhadores da construção e da madeira no Estado da Bahia.
Por: F.Barreto
Fontes:
CASTELLUCCI, Aldrin, A.S. – Industriais e operários numa conjuntura de crise (1914-1921). Salvador, FIEB, 2004
Jornais dos SINTRACOM-BA
Foto do jornal “A voz do trabalhador” disponível em: https://anarquismonabahia.wordpress.com/tag/a-voz-do-trabalhador/