Washington José de Souza – Uma liderança operária classista

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Washington de Souza – Passeata contra a exploração patronal na construção civil em 1991. Foto do Arquivo do SINTRACOM-BA

A nova diretoria assume o sindicato com uma greve de 36 dias com os trabalhadores passando fome com suas famílias e com sindicato patronal desrespeitando o acordo Coletivo de Trabalho. O sindicato volta a sentar na mesa de negociação para uma reunião de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho com o Sindicato Patronal – SINDUSCON no dia 15/08/90, para que fiquem estabelecidos: 1 – Pagamento de 13 dias parados de greve de forma escalonada, compensada em forma de horas extras; 2 – Pagamento dos 10 dias de descanso remunerado do período da greve; 3 – Reajuste de 66% sobre o salário de março. A categoria estava bastante desgastada e desorganizada depois de oito gestões de um mesmo grupo que adotava uma postura de subserviência aos patrões e ainda guardava os resquícios do autoritarismo e a burocracia do governo na ditadura militar.

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Passeata durante a greve de 36 dias em 1990 – Foto do Arquivo do SINTRACOM-BA

A situação de desrespeito dos patrões contra os trabalhadores era tão grande que o presidente do Sindicato dos Trabalhadores, Washington Souza, recorre a Dom Timóteo Amoroso, ex-abade do Mosteiro de São Bento, personalidade de grande respeito na história recente da Bahia e do Brasil, por jamais ter se negado a ajudar os que buscavam sua proteção durante a ditadura militar. Essa alternativa do presidente foi para que, com a sua influência, o religioso conseguisse que os patrões respeitassem o acordo assinado. A batalha da diretoria para que os patrões respeitem os trabalhadores parece nunca terminar. Washington de Souza foi convidado para uma Sessão Especial  na Câmara dos Vereadores de Salvador, promovida por Daniel Almeida vereador na época do PC do B e hoje deputado federal, para denunciar a exploração dos trabalhadores na construção civil em 1990.

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Washington de Souza na Câmara dos Vereadores de Salvador denunciando a exploração na construção civil em 1991. Foto do Arquivo do SINTRACOM-BA

Em novembro de 1990 o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Salvador, altera seu estatuto e passa denominar-se Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção e do Mobiliário no Estado da Bahia, vinculando-se ao grupo da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria – CNTI. Com o novo Estatuto, à Diretoria Executiva do Sindicato passa a ter 17 membros efetivos com igual número de suplentes com os seguintes cargos: 1 – Presidente, 2 – Vice-Presidente, 3 – Secretário Geral, 4 – 2º Secretário, 5 – Tesoureiro, 6 – 2º Tesoureiro, 7 – Diretor de Assuntos Jurídicos, 8 – Diretor de Imprensa e Comunicação, 9 – Diretor de Assuntos de Saúde do Trabalhador, 10 – Diretor Representante junto à Federação, 11 – Diretor de Patrimônio, 12 – Diretor de Assuntos Sócio-Econômicos,13 – Diretoria de Assuntos de Assistência à Mulher, 14 – Diretor de Formação Sindical, 15 – Diretor de Esporte, 16 – Diretor de Aposentados e 17 – Diretor de Assuntos Parlamentares. A Assembleia aprovou ainda a indicação de 20 nomes para o preenchimento dos cargos suplementares, pela reforma estatutária: Maria de Fátima Ferreira Barreto Bonfim, Silvany Braga de Jesus, José Eduardo de Souza, Manoel Reis, Maria Cecilia Ferreira da Silva, Pedro Paulo Moreira, Hipólito Pereira da Silva, Joselito Gonçalves dos Santos, Raimundo da Luz Santos, Manoel da Paixão Campos de Souza, José Ribeiro Lima, Daniel da Conceição, Francisco Silva Miranda, Antônio da Silva Mesquita, Aristides Faustino de Souza, Roque Sampaio Correia, João Maria Almeida Santos, Edvaldo de Jesus e José Paulo Fernandes.

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Assembleia dos trabalhadores da construção civil no inicio da década de 1990. Foto do Arquivo do SINTRACOM-BA

A mudança no Estatuto estabelece a data-base da categoria para janeiro e assim, em novembro abre a Campanha Salarial de 1991, sob o lema: “Sem salário não tem trabalho” com o Governo Federal tendo aprovado a criação da livre negociação. A Campanha Salarial esquenta, com sindicato realizando uma grande passeata que na cidade. A primeira rodada de negociação durante sete horas e mesmo assim, a comissão patronal apresenta-se desfalcada de mais da metade de seus membros. O sindicato cria estratégias de mobilização para a campanha de 1991 a exemplo de no dia da assembleia não fazer horas extras e para uma hora antes de iniciar a jornada de trabalho.

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Passeata na Campanha Salarial em 1991. Foto do Arquivo do SINTRACOM-BA

A Diretoria do Sindicato completa um ano de gestão e avalia que no primeiro ano realizou três greves e incontáveis paralisações por empresa. A base do Sindicato foi ampliada para a categoria do mobiliário, foi ampliado o número de diretores, como também elegeu dezenas de delegados sindicais nas obras. O Estatuto do Sindicato foi alterado por decisão do I Encontro dos Trabalhadores da Construção Civil de Salvador que ocorreu nos dias 1 e 2 de junho/90. Nesse primeiro também houve a filiação do Sindicato a Central Única dos Trabalhadores – CUT e a categoria aprova em assembleia o desconto da taxa assistencial.

 

 

Por: F.Barreto

 

Fonte: Jornais, Atas do SINTRACOM-BA e Sintracom em Revista


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Fatima Barreto