Os trabalhadores da construção civil na greve geral de 1919

No final de maio de 1919, o recém fundado Sindicato dos Pedreiros e Carpinteiros desenvolveu uma intensa propaganda na imprensa local convocando todos os trabalhadores, para uma assembleia que seria realizada no dia 1º de junho. E no dia 02 de junho, lideraram os operários numa concentração na Praça Rio Branco, onde conseguiram a adesão de outros colegas que trabalhavam nas obras do Palácio do Governo, do Tesouro do Estado e outras construções.

greve geral de 1919

 

Depois seguiram em passeata pelas ruas do Centro da cidade até a Ladeira da Barra, carregando estandartes com inscrições que exigiam “respeito aos seus direitos”, proclamavam que “8 horas de trabalho são bastante” e davam “Vivas ao operariado baiano”, conseguindo assim novas adesões. De volta da Ladeira da Barra, ao passarem pelo Relógio de São Pedro com a quantidade de operários que já chegava a cerca de 1.000 participantes, rumaram para a Praça Castro Alves, finalizando a passeata na sede do Sindicato no Maciel de Baixo.

Em 4 de junho, o movimento já contava 15 mil operários grevistas, atingindo seu ápice no dia 5, quando além da jornada de trabalho de oito horas por dia, da liberdade de organização sindical e do aumento de salários, os trabalhadores passaram a exigir, também, a isonomia salarial entre homens e mulheres que exercessem as mesmas funções e a abolição do trabalho infantil.

A greve parou todas as oficinas, manufaturas e fábricas, dos transportes urbanos, marítimos, fluviais e ferroviários e dos serviços de geração e distribuição de energia elétrica e iluminação pública. Toda a cidade parou e no dia 9 de junho, por volta do meio-dia, os patrões divulgaram um boletim em nome de seus associados, estabelecendo o seguinte: 1) jornada de trabalho de 8 horas; 2) isonomia salarial entre homens e mulheres que exercessem as mesmas funções; 3) manutenção dos mesmos valores das diárias dos jornaleiros a despeito da diminuição da jornada; 4) aumento de 20% sobre as empreitadas; 5) estabilidade no emprego para os operários que tomaram parte no movimento (considerados pelas companhias como não grevistas); 6) reversão de todas as multas para as caixas de beneficência das fabricas e companhias; 7) liberdade de organização para patrões e operários “dentro da legislação vigente”.

 

Por: F.Barreto

 

Fontes:

BANDEIRA, Moniz; MELO, Clovis; ANDRADE, A.T. – O ano vermelho: A Revolução Russa e seus Reflexos no Brasil. São Paulo, Brasiliense, 1980.

CASTELLUCCI, Aldrin, A.S. – Industriais e operários numa conjuntura de crise (1914-1921). Salvador, FIEB, 2004


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Fatima Barreto