Em legítima defesa, cabe aos trabalhadores (as) resistir

Editorial da Revista do Brasil (edição de agosto), publicado na Rede Brasil Atual, faz uma análise sobre os ataques aos direitos dos trabalhadores (as), promovidos pelo governo do interino e ilegítimo Temer. Leia abaixo:

O golpe jurídico-parlamentar em curso tenta fixar no poder políticos ligados a essa mentalidade atrasada, razão pela qual não conseguiam mais ganhar eleições.

A lógica é simples: a pretexto de equilibrar as contas, o governo promove cortes de gastos, programas sociais são interrompidos, os juros tornam proibitivo o crédito para pessoas e empresas, fazem explodir a dívida pública. A máquina da economia para, a renda das famílias despenca, os empregos somem. Para os economistas que defendem essa lógica, recessão e desemprego são apenas fórmulas matemáticas, “macroeconômicas”, de combate à inflação. Essas ideias moveram a dita “estabilização da economia” nos anos de governo Fernando Henrique. O real parelho ao dólar barateava itens importados, promovia “concorrência” com os preços internos e segurava a inflação. A fórmula, destrutiva para a indústria nacional, fez também com que um em cada cinco trabalhadores passasse meses a procura de emprego – e, quando encontrava, era uma ocupação pior.

O ambiente de desemprego ao seu redor torna o cidadão mais frágil ao perder a força para negociar melhorias salariais e em condições de trabalho, seja individualmente, seja coletivamente. Ele tem de dar “graças a Deus” por ainda não ter sido despedido. E começa a ver com mais frequência empresários e seus porta-vozes nos jornais entoarem a ladainha de que é preciso “modernizar” e “flexibilizar” leis trabalhistas, reduzir o custo do trabalho para que as empresas tenham competitividade e empregos sejam criados – como se os motores de uma economia não fossem o mercado aquecido, o consumo das famílias, o aumento das demandas por produção, enfim, o desenvolvimento.

Em reportagem nesta edição (de agosto), o juiz trabalhista Jorge Luiz Souto Maior afirma: “O que se quer é destruir os avanços conquistados sob o falso argumento de que se está ‘modernizando’ as relações de trabalho”. Ele lembra que esse argumento repete o da década de 1990, e ressalta: “O que se pretende é mesmo acabar com a proteção legal do trabalho, promovendo, ao mesmo tempo, uma destruição da ação sindical”.

O golpe jurídico-parlamentar em curso tenta fixar no poder políticos ligados a essa mentalidade atrasada, razão pela qual não conseguiam mais ganhar eleições. Por isso, cabe aos trabalhadores resistir ao golpe para que se restaure a democracia – e com ela o respeito à Constituição e aos seus direitos.


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Mery Bahia