Nasce o movimento denominado “A Revolta dos Peões”

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Passeata durante a “Revolta dos Peões” em 1990. Foto do Arquivo do SINTRACOM-BA

A indignação dos trabalhadores era enorme e não havia mais condições de suportar tanta exploração dos patrões e a postura indiferente da diretoria do sindicato. O grupo formado Daniel Francisco, Pedro Paulo Moreira, Idelfonso Germano dos Santos e Manoel da Paixão, que havia concorrido às eleições anteriores, não desiste da luta e continua a organizar os trabalhadores, agregando novos companheiros ao movimento e  dentre eles se destaca Washington José de Souza, velho militante comunista e sindicalista, que também passa a frequentar as assembleias. No dia 29 de novembro de 1988 a diretoria do Sindicato presidida por José Cândido Veloso convoca uma Assembleia, publicando o edital no Diário Oficial, para discutir e aprovar a seguinte pauta: 1 – Suplementação de verbas para o sindicato; 2 – Aprovação da proposta de Acordo Coletivo de trabalho.

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Caminhada a Igreja do Bonfim durante a “Revolta dos Peões” em 1990. Foto do Arquivo do SINTRACOM-BA

Ocorre que, pela forma como foi feita a convocação, os trabalhadores nas obras não tomaram conhecimento da assembleia e só compareceu a própria diretoria e alguns membros do Grupo de Oposição Classista que estavam atentos às manobras dessa diretoria. Assim, estiveram presentes apenas 25 pessoas incluindo a diretoria, que aprovou a proposta de Acordo Coletivo para os trabalhadores, sem nenhuma discussão com os interessados.  Considerando toda essa situação o Grupo da Oposição Classista não aceitou a forma como a diretoria do sindicato conduziu o processo.  Reuniu os companheiros e colheu  as assinaturas dos trabalhadores para legitimar a  convocação de uma assembleia que se realizaria no dia 29 de novembro de 1988, no Sindicato dos Bancários, cuja pauta principal era a expulsão da diretoria do sindicato liderada por Veloso.

A assembleia ocorreu na data prevista, estiveram presentes centenas de trabalhadores e assim, foram explicadas  às manobras da diretoria que já havia aprovado na assembleia o Acordo Coletivo sem a presença dos trabalhadores.Todos ficaram indignados com a forma como a diretoria em exercício vinha manipulando os destinos da categoria. Depois de muitas discussões, foram aprovados uma série de atos de protesto, como paralisações nas obras e passeatas pela cidade. A primeira sairia do Campo Grande à Praça Municipal, para protestar contra a atitude autoritária e patronal da diretoria do sindicato chefiada por Veloso. Foi assim, que começaram a florescer as primeiras sementes do movimento, denominado “A Revolta dos Peões”, em razão, das grandes passeatas que denunciavam a situação de exploração dos trabalhadores da construção civil, ocupando diariamente às ruas da cidade de Salvador.

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Passeata durante a “Revolta dos Peões” em 1990. Foto do Arquivo do SINTRACOM-BA

No dia 19 de outubro de 1989 cerca de 10 mil operários, marcharam pelas ruas do centro da cidade em passeata de protesto contra os baixos salários e a exploração que viviam. Durante todo o dia, eles se movimentaram em vários bairros, fazendo “piquetes” nas obras. O Jornal da Bahia de 29/10/1989 publica matéria informando que “o comando de greve estima 56 mil o número de operários parados”. Os trabalhadores mobilizados realizaram várias assembleias e passeatas lutaram junto com a Oposição Sindical Classista liderada por Washington de Souza.

O fato social estava criado e nascia assim a “Revolta dos Peões”, como uma explosão dos trabalhadores revoltados pela exploração que estavam submetidos ao longo de muitos anos. O sindicato patronal sem alternativa para suas manobras, foi obrigado a negociar com comissão do comando de greve composta por Washington José de Souza, Raimundo Ferreira Brito, Pedro Souza Estrela, Amando de Jesus e a única mulher do grupo Maria de Lourdes Gonzaga e também os ativistas sindicais solidários ao movimento, Everaldo Augusto (bancário) e Patrício (operário têxtil).

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Washington de Souza e José Cândido Veloso nos embates das negociações na “Revolta dos Peões” em 1990. Foto do Arquivo do SINTRACOM-BA

As negociações entre a Comissão Sindical, eleita em assembleia para assumir o papel de representação do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil e o Sindicato da Indústria da Construção Civil (patronal), resultou numa Convenção Coletiva, composta por 52 cláusulas, com vigência entre 1º de janeiro a 31 de dezembro de 1990, que imediatamente registrada na Delegacia Regional do Trabalho, para que não houvesse dúvidas sobre a sua legalidade e cumprimento.

 

Por: F.Barreto

 

Fonte:

Jornais,  Atas do SINTRACOM-BA e Sintracom em Revista.


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Fatima Barreto